※Adriana Calcanhotto usa voz para ensinar como viver a poesia※Convidada de honra da 35º Noite da Poesia, ela falou sobre vivência com a poesia na carreira e vida pessoal. Após a premiação, Adriana Calcanhotto subiu ao palco e foi recepcionada por uma plateia animada. Ao se ajeitar na poltrona, a cantora declarou que tem aceitado cada vez mais convites para falar sobre poesia e que esse é um assunto que a interessa.
Para a apresentação, a artista levou um notebook com registros que ilustravam os diferentes períodos e vivências dela com a poesia. “Eu tenho aqui umas imagens que uso para falar da entrada da poesia na minha vida que é uma entrada na média, totalmente ordinária que é através da música”, explica.
Cantora no palco do Glauce Rocha na noite de segunda-feira (09). (Foto: Juliano Almeida) Cantora no palco do Glauce Rocha na noite de segunda-feira (09). (Foto: Juliano Almeida) Ainda criança, a escritora descobriu a poesia através das ondas de rádio, que era ouvido pelas empregadas da família. Na frequência AM, Adriana teve contato com a jovem guardada formada por Roberto Carlos, Wanderley Cardoso, Leno e Lílian. A dupla Leno e Lílian, conforme ela, a marcou graças a uma música. “Me apaixonei por uma canção chamada ‘Devolva-me’ que eu achava que era só minha, muitos anos mais tarde quando a gravei, vi que ela não era só minha”, conta.
A frequência AM não foi a única que proporcionou poesia aos ouvidos de Adriana. Na FM, ela escutava canções da MPB (Música Popular Brasileira) e entre os artistas que mais a chamaram atenção estava Vinicius de Moraes.
No final da década de 1970, a cantora não sabia explicar, porém sentia que o ‘poetinha’ tinha o conhecimento de algo que até então era desconhecido por ela. “Tinha uma certa autoridade na voz dele, uma coisa que eu não sabia o que era, mas sentia. Eu sabia que ele sabia de alguma coisa que eu não sabia”, afirma.
Para apresentação, Adriana levou imagens relacionadas a vivência literária Paralelo a rádio, Adriana começou a ler e foi através da tia que ganhou um livro escrito por Clarice Lispector. “Quando ela me deu ‘A mulher que matou os peixes’ eu não conseguia a partir dali ler mais nada que fosse para crianças porque eu tinha sido tratada como leitora, como pessoa”, recorda.
Durante a apresentação, a cantora mostrou outro livro importante, mas dessa vez escrito por Oswald de Andrade. O ‘Primeiro caderno do aluno de poesia’ foi outro que a deixou ‘fisgada, picada e deslumbrada’ tanto pelo conteúdo, quanto pelos desenhos que o acompanham.
O impacto deixado pela poesia de Oswald de Andrade a levou a outras pessoas que representavam o modernismo brasileiro. Uma das imagens trazidas por Adriana é a do ‘Abaporu’, que revelou o trabalho de uma de suas pintoras favoritas. Nos momentos finais da apresentação, a cantora voltou a falar do empenho que a poesia requer. “Escrever poesia exige rigor, excelência. Para ler poesia vamos ler boa, alta poesia, então o nosso sarrafo vai subir e vamos chegar ao Antônio Cícero que vai dizer: ‘A poesia exige de nós o máximo de nós”, pontua. Monica da Costa
Enviado por Monica da Costa em 10/10/2023
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